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28/02/2025

Os Waujá

Um Exemplo de equilíbrio 

Povo: Waujá
Família linguística: Arawak, Uma das maiores famílias linguísticas das Américas
Localização: habitam as proximidades da lagoa Piyulaga
População: Aproximadamente 270 pessoas (censo do autor em junho de 2001)
Fonte: https://pib.socioambiental.org/

Os Waujá são um povo indígena do Brasil pertencente à família linguística Arawak e habita o Parque Indígena do Xingu, no Mato Grosso, sua cultura material é extremamente rica, refletindo sua cosmologia complexa e sua relação com o meio ambiente, Waujá um exemplo de como os povos indígenas mantêm um equilíbrio entre tradição e adaptação ao mundo contemporâneo, preservando seu conhecimento e identidade eles falam a língua Waujá, que pertence à família linguística Arawak, essa é uma das maiores famílias linguísticas das Américas com falantes espalhados por várias regiões do Brasil e de outros países da América do Sul.


Waujá é a principal língua falada no dia a dia

das aldeias, sendo ensinada às crianças desde cedo no entanto, muitos Waujá também aprendem Português especialmente devido ao contato com não indígenas e às interações dentro do Parque Indígena do Xingu e a visão de mundo dos Waujá é rica e estruturada por mitos e rituais que estabelecem relações entre humanos, espíritos e a natureza, os Waujá acreditam em seres invisíveis e forças espirituais que influenciam a vida cotidiana.

Desde 1884, quando Karl von den Steinen estabeleceu os primeiros contatos com os Waujá e as interações com os não indígenas passaram a ocorrer de maneira mais sistemática um processo contínuo de transformações tecnológicas vem impactando esse povo, no entanto apesar da introdução de novos materiais, como plástico, vidro e metal, muitos elementos da cultura material tradicional permanecem preservados, essa permanência não se deve apenas à funcionalidade dos artefatos, mas sobretudo ao seu profundo significado simbólico que os torna indispensáveis para a manutenção da identidade cultural Waujá.

Assim, longe de serem substituídos por alternativas industrializadas, esses objetos tradicionais continuam a desempenhar um papel central na transmissão do conhecimento e na reafirmação das práticas ancestrais, além de sua importância interna para a organização sociocultural do grupo, a cultura material Waujá também se projeta para além dos limites de suas aldeias, funcionando como um elo entre diferentes povos e sistemas econômicos.

Seu artesanato não apenas alcança o mercado externo, atendendo à demanda do chamado "homem branco", mas também circula amplamente dentro do próprio Parque Indígena do Xingu, criando redes de troca e valorização cultural entre os povos da região, um exemplo notável desse intercâmbio é a encomenda de cintos de miçangas com padrões gráficos elaborados, feita pelos Kayapó de Jarina-Capoto, localizada ao norte do Parque.


Essa dinâmica evidencia não apenas o reconhecimento da maestria técnica dos Waujá na produção de artefatos, mas também a forma como sua cultura material Continua a desempenhar um papel fundamental na articulação de identidades, saberes e relações interétnicas no Xingu.


Onde vivem os Waujá

Os Waujá vivem no Parque Indígena do Xingu,localizado no estado do Mato Grosso, Suas aldeias estão situadas principalmente na região do Alto Xingu, uma área caracterizada por rios, florestas e savanas onde compartilham território com outros povos indígenas, como os Kamayurá, Kuikuro, Kalapalo e Yawalapiti.

A principal aldeia Waujá é Piyulaga, localizada às margens do rio Batovi e além dessa, há outras aldeias menores habitadas por famílias do mesmo grupo, o território em que vivem é fundamental para sua cultura, pois dele extraem os recursos necessários para alimentação, moradia, produção de artefatos e realização de rituais.

O Parque Indígena do Xingu, criado em 1961, é uma das mais importantes áreas protegidas para povos indígenas no Brasil e abriga uma grande diversidade cultural e linguística, da qual os Waujá fazem parte ativamente.


O mito da Origem

Entre os povos do Alto Xingu narra que Kwamutõ, um demiurgo, ao ser ameaçado por um "homem-onça", prometeu entregar-lhe suas cinco filhas em casamento no entanto, ao retornarem à aldeia as jovens recusaram a união e para cumprir sua promessa, Kwamutõ esculpiu cinco troncos, pintou-os por meio da fumaça do tabaco e do som do chocalho e
deu lhes a Vida em seguida, ordenou que as filhas de madeira seguissem para o casamento, mas três pereceram no caminho restando apenas duas, que se uniram ao "homem-onça".

Uma delas, grávida, foi assassinada pela sogra durante um conflito e seus filhos gêmeos foram retirados de seu ventre e criados por sua tia, a quem chamavam de "mamãe" ao descobrirem a tragédia que acometeu sua mãe, os jovens Sol e Lua criaram o primeiro Kwarup, um ritual para homenageá-la, que com o tempo se tornou uma cerimônia funerária intertribal dedicada às linhagens de chefia. Percebendo a escassez de pessoas no mundo, os irmãos repetiram o feito de Kwamutõ, dando vida aos primeiros humanos criando os povos do Xingu, os chamados "índios bravos" e os brancos, que mais tarde retornariam com armas de fogo.


A Origem dos Seres Extra-Humanos
Na cosmologia Waujá está a crença que seres extra-humanos habitam o mundo desde tempos primordiais, quando os animais ainda eram
humanos e falavam esses seres eram chamados apapaatai/yerupoho, influenciam a vida cotidiana, especialmente na alimentação, nas doenças e nos sonhos, antes da existência do sol o mundo era envolto em completa escuridão e os yerupoho, seres antropomórficos ou híbridos entre humanos e animais, viviam na superfície da terra enquanto os antepassados dos Waujá habitavam cupinzeiros em extrema escassez.

Certo dia, foi anunciado que os heróis culturais dos Waujá trariam à luz do sol permanentemente ao céu, temendo essa transformação cósmica, os yerupoho trabalharam freneticamente para criar indumentárias, máscaras e pinturas que os protegessem contra os efeitos irreversíveis da luz solar e ao vestirem essas roupas, os yerupoho passaram por uma metamorfose definitiva, tornando-se apapaatai, seres espirituais e entidades sobrenaturais. Alguns se transformaram em animais visíveis, enquanto outros se tornaram suas versões invisíveis e monstruosas, possuindo poderes temidos pelos Waujá.

Aqueles que não conseguiram se proteger a tempo foram consumidos pela luz do sol e se tornaram apapaatai iyajo, entidades perigosas que devoram ou matam seres mais frágeis, incluindo os humanos.
Essas narrativas mitológicas fundamentam a relação dos Waujá com a natureza, os rituais e as práticas xamânicas, demonstrando a profunda interconexão entre os mundos humano e espiritual.


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