Os Kuntanawa

Uma Etnia em reconstrução

Povo: Kuntanawa
Língua: e família linguística/tronco: família linguística pano
Localização: Kuntanawa está localizada às margens do rio Tejo
População: estima-se 400 a 500 indivíduos
Fonte: Instituto Socioambiental (ISA)

Identidade e historia dos Kuntanawa

um povo de origem Pano, vivem às margens do rio Tejo, no Acre, com uma população estimada entre 400 e 500 pessoas apesar de quase exterminados durante a abertura dos seringais no final do século XIX, descendentes como a família de Milton Gomes da Conceição resgataram sua identidade indígena, reforçada pela luta por direitos territoriais e pela revitalização cultural, como os rituais com ayahuasca, o uso da ayahuasca desempenha um papel central na cultura e identidade dos Kuntanawa, orientando rituais e práticas xamânicas, além de fortalecer laços comunitários e ancestrais.

Também são conhecidos pela preservação de conhecimentos sobre ervas medicinais, transmitidos por figuras como Dona Mariana, reconhecida parteira e guardiã da memória indígena apesar das relações interétnicas e vivências nos seringais, o grupo manteve viva sua herança cultural, reforçada por contatos com povos vizinhos, como os Kaxinawá e Yawanawá.

Inicialmente, o etnônimo foi grafado Kuntanawa, querendo com isso designar “povo do coco” e é assim também que a imprensa e os documentos governamentais se referem a eles em referências bibliográficas, o nome Kontanawa, ou Contanaua, é o mais citado (Tastevin, 1925 e 1926; Macedo, 1988; Aquino e Iglesias, 1994) sendo que mais recentemente, o grupo começou a pronunciar e grafar seu nome como Kuntanawa, o fato é que nas línguas Pano mais especificamente o Hãtxa Kuin (falada pelos Kaxinawa), a palavra konta não teria qualquer sentido, e sim kunta, que se refere ao fruto “cocão” (Scheelea phalerata), assim Kuntanawa poderia ser traduzido como “povo do cocão” ou “povo do coco”. os Kuntanawa, povo da família linguística Pano, não falam mais sua língua indígena, todos falam o português esforços de reconstrução da língua têm sido realizados por meio de fragmentos ainda vivos na memória da matriarca do grupo, dona Mariana, do contato com outros povos de língua Pano (como os Kaxinawa e os Yawanawa) e da grafia que utilizam, e de canções  yahuasqueiras.


Localização e organização

Os Kuntanawa estão na Reserva Extrativista do Alto Juruá, no município de Marechal Thaumaturgo é a principal aldeia Sete Estrelas e busca reconhecimento étnico e demarcação de território este grupo destaca-se por sua conexão espiritual com a floresta, utilizando-a não apenas como espaço de subsistência, mas também como fonte de saberes tradicionais e rituais.


Língua e Cultura

A língua original dos Kuntanawa pertence ao tronco linguístico Pano, comum a várias etnias indígenas na Amazônia, no entanto devido ao contato intenso com a colonização e outros grupos externos, à língua Kuntanawa passou por um processo de declínio e muitas palavras e estruturas foram esquecidas entretanto nos últimos anos a  comunidade tem feito esforços para revitalizar sua língua por meio de projetos educacionais e culturais buscando documentar e ensinar o idioma às novas gerações e A cultura Kuntanawa é rica em práticas espirituais, tradições orais, e profundo conhecimento sobre a floresta amazônica veja a seguir alguns elementos marcantes incluem o uso de plantas medicinais os Kuntanawa possuem um extenso conhecimento sobre as propriedades curativas das plantas da floresta e a Ayahuasca por exemplo é usada em rituais espirituais e de cura os cantos tradicionais são uma forma de transmitir histórias, ensinamentos e fortalecer a conexão espiritual.

As celebrações/rituais são acompanhados de danças e frequentemente  realizados em cerimônias.

O uso ritual da ayahuasca Fortalece a identidade e inspira práticas como cantos, pinturas corporais e conhecimento etnobotânico e a cultura Kuntanawa é marcada por uma forte relação com o meio ambiente, onde suas expressões artísticas e espirituais estão profundamente conectadas à experiência com a floresta.


Engajamento Político

Os Kuntanawa participaram ativamente da criação da Resex em 1990, conflitos internos e discriminação étnica levaram à afirmação de sua identidade indígena e ao apoioa novas associações comunitárias desde então, o grupo luta pela  proteção ambiental e pela Preservação cultural em um território próprio dessa forma eles também destacam-se no cenário político por suas posições ambientais e culturais, liderando movimentos em prol da demarcação de terras e na busca pela sustentabilidade  em harmonia com a floresta.


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