Os Huni Kuin

Povo: Huni Kuin
Língua e família linguística/tronco: família linguística Pano
Localização: Alto Juruá e Purus e o Vale do Javari
População: Calculamos um total de indivíduos kaxinawá entre 450 e 500”
Fonte: Instituto Socioambiental (ISA)
Identificação
O povo Huni Kuin também conhecidos como os Kaxinawá pertencem à família linguística Pano que habita a floresta tropical no leste peruano, do pé dos Andes até a fronteira com o Brasil, no estado do Acre e sul do Amazonas, que abarca respectivamente a área do Alto Juruá e Purus e o Vale do Javari, os grupos Pano designados como nawa formam um subgrupo desta família por terem línguas e culturas muito próximas e por terem sido vizinhos durante um longo tempo, cada um deles se autodenomina huni kuin, homens verdadeiros, ou gente com costumes conhecidos. Uma das características que distinguem os huni kuin do resto dos homens é o sistema de transmissão de nomes. Este sistema existe tanto entre os Kaxinawá quanto entre os Sharanawa, os Mastanawa, os Yaminawa e outros nawa.
Nos primeiros relatos de viajantes na área aparece uma confusão de nomes de etnias que persiste até hoje. Isto porque os nomes não refletiam um consenso entre os denominadores e os denominados. O denominador Pano chama (quase) todos os outros de nawa, e a si mesmo e seus parentes de huni kuin. Assim, os Kulina eram chamados de pisinawa (“os que fedem”) pelos Kaxinawá, enquanto que os Paranawa chamavam os próprios Kaxinawá de pisinawa, o próprio nome Kaxinawá parece ter sido originalmente um insulto pois Kaxi significa morcego, canibal, mas pode significar também gente com hábito de andar à noite. Hoje em dia os Kaxinawá chamam todos aqueles grupos aparentados de “Yaminawa”; tanto aqueles que mantém contato com os brancos quanto os grupos Pano que vivem nas cabeceiras dos rios entre o Alto Juruá e o Purus e continuam afastados e escondidos, sem contato “pacífico” com a sociedade nacional.
Localização
Os Kaxinawá habitam a fronteira brasileira-peruana na Amazônia ocidental, as aldeias Kaxinawa no Peru se encontram nos rios Purus e Curanja sendo que as aldeias no Brasil (no estado do Acre) se espalham pelos rios Tarauacá, Jordão, Breu, Muru, Envira, Humaitá e Purus, realizando pesquisas de campo nas aldeias Cana Recreio, Moema e Nova Aliança, no rio Purus, próximo à fronteira com o Peru e Os Kaxinawa peruanos e brasileiros foram separados no começo do século XX, quando um grupo que havia sido concentrado num seringal no rio Envira se mudou para as cabeceiras do rio Purus, no Peru, após uma rebelião contra um seringalista (McCallum, 1989a: 57-58; Aquino, 1977; Montag, 1998). Os grupos oriundos do Peru ligaram-se por casamento aos Kaxinawa brasileiros, porém observa-se até os dias de hoje diferenças no estilo de vida entre os dois grupos.
Há grupos Kaxinawa que migraram do rio Envira, onde estavam engajados no trabalho da seringa, para o Purus a maioria destes Kaxinawa do Envira se estabeleceram na aldeia de Fronteira e em vários núcleos (centros, colocações) próximos, durante estas duas décadas o movimento migratório não cessou, outros Kaxinawa provenientes do Peru, do Envira e do Jordão foram se estabelecer em aldeias no Purus, na Terra Indígena do Alto Purus, os Kaxinawa também coabitam com seus vizinhos tradicionais, os Kulina, para os quais esta reserva foi originalmente criada.
O artesanato
Nukini é uma forma de expressão cultural e espiritual, eles produzem objetos como cestos, colares, pulseiras e outros adornos utilizando materiais naturais, como sementes, palhas e penas, esses itens geralmente carregam simbolismos ligados à natureza e à cosmologia Nukini os Nukini veem a floresta como um sistema interconectado, onde humanos, animais, plantas e espíritos coexistem em harmonia essa visão é fundamental para suas práticas de manejo sustentável e proteção da biodiversidade.
Histórico
Os primeiros relatos de viajantes na área do Alto Juruá que falam dos Kaxinawá consideram os Rios Muru, Humaitá e principalmente o Iboiçu, três afluentes do Envira (por sua vez afluente do Juruá), como o habitat “original” dos Kaxinawá, antes da chegada dos seringueiros nestes rios eles ocuparam a margem direita, sendo a margem esquerda ocupada pelos Kulina (McCallum, 1989; Tocantins, 1979), ao que parecejá no século XVIII os colonizadores organizaram excursões à procura de escravos nesta região, mas deste primeiro contato não se tem nenhum registro sabemos que estas primeiras incursões foram muito fragmentárias e de curta duração.
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